São José em seus últimos anos

29-03-2012 09:17

São José viveu sessenta anos e alguns dias. Aos trinta e três anos de idade desposou Maria santíssima e em sua companhia viveu pouco mais de vinte e sete anos.

Quando São José faleceu, a grande Senhora contava quarenta e um anos e meio. Aos catorze desposou-se com São José, acrescentando-se os vinte e sete que viveram juntos, somam quarenta e um, mais o prazo que vai de 8 de setembro até a feliz morte dele.

São José, embora não fosse muito velho (sessenta anos e alguns dias), sentia-se já muito alquebrado fisicamente. Suas viagens, os cuidados e continuo trabalho para sustentar a sua Esposa e ao Senhor do mundo, o haviam enfraquecido mais do que a idade. O mesmo Senhor, para o aperfeiçoar no exercício da paciência e de outras virtudes, permitiu que sofresse algumas enfermidades e dores, o que lhe dificultava muito o trabalho físico.

Notou-o a prudentíssima Esposa. Disse-lhe: “Meu esposo e senhor, sinto-me muito obrigada pela fidelidade, trabalho e desvelo que sempre tiveste. Até agora, com o suor de vosso rosto, alimentaste a mim e a meu santíssimo Filho e Deus verdadeiro. Nesta solicitude gastaste vossas forças e o melhor de vossa vida e saúde para cuidar da minha. Da mão do Altíssimo recebereis a recompensa e as bênçãos que mereceis (SI 20, 4). Agora, suplico-vos que descanseis do trabalho, pois está acima de vossas forças. Quero ser agradecida, e trabalhar agora para vos servir no resto de vida que o Senhor vos conceder”.

São José servido por Jesus e Maria Santíssima

Com lágrimas de humildade, gratidão e consolo, São José insistiu pedindo-lhe que lhe permitisse continuar no trabalho. Mas por fim cedeu aos rogos de sua Esposa e Senhora do mundo. Daí em diante deixou o trabalho manual com que ganhava o alimento para os três.

As ferramentas de seu ofício de carpinteiro foram dadas como esmola, para que nada ficasse inútil e supérfluo.

Livre desta preocupação, São José entregou-se inteiramente à contemplação dos mistérios de que era depositário e ao exercício das virtudes, sendo nisso tão bem-aventurado, por gozar da presença e convívio com a divina Sabedoria humana e sua Mãe, que, em santidade, excedeu a todos os outros bem-aventurados.

A Senhora do céu e seu Filho santíssimo o assistiam nas suas enfermidades, o serviam, consolavam e animavam com a maior atenção.

Quando São José comia o alimento que lhe era fornecido, costumava dizer à Santíssima Virgem: “Senhora, que alimento é este que assim me reanima, deleita o gosto, restaura minhas forças e enche de júbilo meu espírito?”

A Imperatriz do céu servia-lhe as refeições de joelhos. São José procurava reanimar-se para evitar à sua Esposa esses trabalhos, mas não conseguia impedi-los. Conhecendo Ela as suas dores e fraqueza, as horas e ocasiões para socorrê-lo, acudia prontamente, servindo-o no que precisava.

Dizia-lhe também muitas palavras de singular consolo, como Mestra da sabedoria e das virtudes. Nos últimos três anos de vida de São José, quando suas enfermidades se agravaram, a Rainha assistia-o dia e noite, e só o deixava quando devia servir seu Filho santíssimo. O Senhor também a ajudava na assistência a São José, salvo quando era preciso cuidar de outra coisa…

Jamais houve, nem haverá outro enfermo tão bem tratado e servido como São José. Só ele mereceu ter por Esposa Aquela que também o foi do Espírito Santo!

Caridade de Maria Santíssima para com São José

O mês de março dedicado a São José está acabando, mas ainda dá tempo de você acender uma vela a este grande Santo

A piedade da divina Senhora não ficava satisfeita apenas servindo a São José. Procurava ainda outros meios para seu alívio e conforto. Às vezes, pedia ao Senhor que desse a Ela as dores que seu Esposo sofria, pois se considerava merecedora de todos os padecimentos das criaturas, como a menor de todas. Assim o alegava na presença do Altíssimo, a Mãe e Mestra da santidade, representando-lhe que era mais devedora do que todos os nascidos e que não lhe dava a retribuição devida. Oferecia-se para todo o gênero de aflições e dores.

Alegava também a santidade de São José, sua pureza e as complacências do Senhor com aquele coração tão semelhante ao Seu. Pedia-lhe muitas bênçãos para São José, e dava-lhe ações de graças por ter criado um homem tão digno de seus favores, cheio de retidão e santidade.

Praticava a divina Senhora muitos atos de virtude em grau tão eminente que admirava os próprios anjos.

Maior admiração deveria causar a nós, fiéis católicos, ao saber que uma criatura humana atendesse plenamente a tantas coisas ao mesmo tempo, sem que a solicitude de Marta estorvasse o lazer de Maria (Lc 10, 41, 42). Nisto assemelhava-se aos anjos que nos assistem e guardam, sem perder a visão do Altíssimo (Mt 18, 10).

Na atenção a Deus, Maria puríssima excedia os próprios, pois além disso, podia ainda trabalhar com os órgãos corporais, que os anjos não têm. Sendo filha de Adão, terrestre portanto, era também espírito celeste, estando com a parte superior da alma nas alturas do amor de Deus, e com a parte inferior exercitando a caridade com seu santo Esposo.

Os Anjos consolam São José

Nas ocasiões em que a Rainha do Céu e da terra percebia a agudeza das dores de São José, movida de compaixão, mandava às causas e acidentes dessas dores que suspendessem sua atividade e não o afligissem tanto. Obedecendo as criaturas à sua Senhora, aliviava-se o sofrimento do Santo. Então, São José repousava por um ou mais dias, até que voltava a padecer, quando o Altíssimo assim ordenava.

Noutras ocasiões, mandava aos anjos que consolassem e animassem São José em suas dores e sacrifícios. Por esta ordem, os anjos se manifestavam a São José, em forma humana visível. Cheios de beleza e refulgência, falavam-lhe da Divindade e de suas infinitas perfeições.

Às vezes, em coro de celestial harmonia, cantavam-lhe hinos e cânticos divinos, com que lhe confortavam o corpo e inflamavam-lhe a alma puríssima. Para cúmulo da santidade e gozo, recebia ele especial compreensão e luz, tanto destes favores divinos como da santidade de sua virginal Esposa, da caridade com que o servia e de outras excelências e prerrogativas da grande Senhora do mundo.

É bom termos presente que, enquanto essas maravilhas se passavam, a totalidade das pessoas, homens e mulheres, absolutamente não se dava conta de nada disso. Todos se encontravam tomados pelas preocupações da logística da vida, na luta pelo poder e mando, à procura de prestígio e prazeres, sem se incomodar com a glória de Deus e salvação da própria alma.

Fontes: “Glória e poder de São José” – Mons. Ascânio Brandão – Editora Ave Maria Ltda e “Mística Cidade de Deus”  -  Soror Maria de Ágreda – Edição do Mosteiro Portaceli – Ponto Grossa – Pr.